A grave crise econômica e política no país vizinho e as facilidades para cruzar a fronteira enchem cidades de Roraima de venezuelanos em busca de alimentos e também de uma nova vida. Saiba como vivem os imigrantes e como as cidades se adaptam para receber novos moradores ou clientes com caixas cheias de bolívares.

Apesar da proximidade, moradores de cidades de Roraima nunca tinham visto tantos venezuelanos por lá. Os pedidos de refúgio no estado aumentaram 7.000% nos últimos dois anos. Em supermercados de cidades da fronteira, as vendas chegaram a dobrar. Os venezuelanos estão enchendo carrinhos com arroz, açúcar e outros alimentos, e também andam pelas ruas em busca de emprego e moradia. Muitos têm ensino superior, mas acabam assumindo funções que exigem menos qualificação. E, para economizar, dividem imóveis com conterrâneos na mesma situação.

Inflação, insegurança e escassez de produtos básicos já eram o contexto da Venezuela em 2014, quando explodiram as manifestações de estudantes e opositores do governo de Nicolás Maduro que acabaram em confrontos violentos e a morte de pelo menos 40 pessoas.

Recentemente, porém, a situação se agravou. A inflação passou a ser a “maior do mundo”, segundo o FMI. A escassez de remédios levou o Parlamento a decretar “crise humanitária”. O racionamento de energia, as longas filas nos supermercados e o aumento da criminalidade aumentaram o descontentamento social, os protestos e saques. 

Uma série de fatores agravou os problemas sociais e econômicos, como a alta dependência da importação de bens, a queda do preço do petróleo – maior fonte de suas divisas - e o controle estatal de produção e distribuição de produtos básicos. 

A oposição tenta mobilizar o máximo de pessoas possível para conseguir realizar um referendo revogatório que tire Maduro do poder. Atualmente, as manifestações pressionam o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para dar sinal verde para o recolhimento das quatro milhões de assinaturas necessárias para realizar o referendo. Conheça abaixo algumas das histórias de venezuelanos que recorreram ao Brasil para se abrigar dos distúrbios em seu país. 

aumento do número de venezuelanos em Roraima é um recorde histórico e pode ser considerado o maior fluxo migratório internacional já registrado no estado desde a sua criação, em 1988, segundo João Carlos Jarochinski, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e especialista em questões fronteiriças. Nos últimos dois anos, os pedidos de refúgio de venezuelanos cresceram quase 7.000% no estado - cerca de 66 vezes. Apenas nos oito primeiros meses de 2016, mais de 600 venezuelanos tinham pedido para ficar em Roraima, na condição de refugiados. Em 2014, foram só nove e, em 2015, pouco mais de 230.
Os dados são do Conselho Nacional de Refugiados (Conare), que, nos últimos três anos, recebeu ao todo 2.238 pedidos de refúgio de venezuelanos (37% deles foram feitos em Roraima). Esse tipo de visto se aplica a quem sofre perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas no país de origem. O documento também é concedido a quem vem de países onde há violação de direitos humanos. 

CRÉDITOS:

G1/RORAIMA
Reportagem: Emily Costa e Inaê Brandão
Conteúdo: Emmily Melo (produção) e Amanda Polato (edição)
Desenho da página e infografia: Roberta Jaworski
Programação: Fabio Rosa
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